História Afro-Brasileira e Indígena. Public

História Afro-Brasileira e Indígena.

Sthephany Luyze
Course by Sthephany Luyze, updated 6 months ago Contributors

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Resistência, identidade e educação na construção da sociedade brasileira.

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COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC PROPOSTAS PARA O CURSO: (EM13CHS601) Relacionar as demandas políticas, sociais e culturais de indígenas e afrodescendentes no Brasil contemporâneo aos processos históricos das Américas e ao contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual. (EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e o poder de decisão (vontade).   (EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores, condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.   (EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas causas, significados e usos políticos, sociais e culturais, avaliando e propondo mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.   (EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses étnico-políticos decorrentes das transformações científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.  DISPONÍVEL EM: https://www.gov.br/mec/pt-br/cne/bncc_ensino_medio.pdf 
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   INTRODUÇÃO:    A construção da sociedade brasileira está profundamente ligada à presença dos povos africanos e indígenas. Desde o início da colonização, essas populações foram exploradas, escravizadas e silenciadas. Mesmo assim, resistiram de várias formas e deixaram marcas profundas na cultura, nas tradições e na maneira como vivemos hoje.     Durante muito tempo, a história ensinada nas escolas ignorou essas contribuições e tratou a participação de negros e indígenas de forma superficial ou distorcida. Felizmente, isso começou a mudar com a aprovação da Lei nº 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Depois, a Lei nº 11.645/08 também incluiu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura indígena. Essas mudanças mostram a importância de valorizar a diversidade e combater o racismo desde cedo.       Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece que a escola precisa ir além do conteúdo tradicional. Ela deve ajudar os alunos a se verem como sujeitos históricos, com identidade e pertencimento, e a respeitarem a diversidade cultural do Brasil. Ensinar sobre a história afro-brasileira e indígena é uma forma de fortalecer isso e tornar a educação mais justa e completa.    COLONIALISMO, RACISMO E INVISIBILIZAÇÃO: O PROCESSO HISTÓRICO DE APAGAMENTO    Quando os europeus chegaram às Américas, começaram um processo de colonização que mudou completamente a vida dos povos que já viviam aqui. Eles tomaram terras, exploraram riquezas naturais e impuseram suas crenças, cultura e modo de vida. Esse processo não foi pacífico: envolveu muita violência, escravização e destruição de modos de vida tradicionais.     De acordo com Kabengele Munanga, a colonização europeia foi baseada em um pensamento de superioridade racial. Os colonizadores acreditavam que os povos africanos e indígenas eram inferiores e, por isso, podiam ser dominados. Essa ideia não desapareceu com o fim da escravidão — ela se transformou em formas de racismo que continuam até hoje na sociedade brasileira.       Um dos efeitos mais profundos desse processo foi o apagamento da história e da cultura desses povos. Por muito tempo, a história ensinada nas escolas falava quase só sobre os europeus e suas 'descobertas', ignorando completamente os conhecimentos, as línguas, as religiões e as formas de organização social dos povos indígenas e africanos. Isso criou uma ideia falsa de que essas culturas não tinham valor ou importância.       O racismo no Brasil não é só uma atitude individual; ele está presente nas estruturas da sociedade. É o que chamamos de racismo estrutural. Como explica Frantz Fanon, esse tipo de racismo está presente nas leis, na economia, na política e até nos padrões de beleza. Ele molda a forma como as pessoas negras e indígenas são tratadas e vistas no dia a dia.       Reconhecer esse processo histórico de exclusão é um passo fundamental para mudar o presente. Só enfrentando o racismo de forma crítica e consciente é possível construir uma sociedade mais justa, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. 
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AFIRMAÇÃO E RESISTÊNCIA: NEGRITUDE, CONSCIÊNCIA E IDENTIDADE    Apesar de todo o processo de opressão e invisibilização, os povos negros e indígenas sempre resistiram. Essa resistência pode ser vista nas lutas por liberdade, nas manifestações culturais, na preservação de religiões de matriz africana, nos quilombos e também nas ideias que surgiram ao longo do tempo para fortalecer o orgulho e a identidade dessas populações.       Uma dessas ideias foi o movimento da Negritude, que começou no século XX com intelectuais como Léopold Sédar Senghor, Aimé Césaire e Frantz Fanon. Eles defendiam que a cultura negra tinha valor por si só e que não precisava ser medida pelos padrões europeus. Para eles, a Negritude era uma forma de afirmar a beleza, a sabedoria e a força do povo negro. Como lembra Fanon, a luta contra o racismo não pode ser apenas uma reação de raiva, mas também uma construção de consciência e dignidade.       No Brasil, esse processo de afirmação se manifestou na criação do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra. Esse dia não é apenas uma comemoração, mas um momento de reflexão sobre o que significa ser negro em uma sociedade racista, e de valorização da identidade afro-brasileira.       A escritora Bell Hooks fala muito sobre isso quando afirma que a luta antirracista precisa passar também pelo campo das ideias, da educação e do afeto. Para ela, pensar sobre identidade e consciência racial é fundamental para que jovens negros e negras possam se reconhecer como sujeitos potentes, capazes de transformar o mundo.     Já da parte indígena, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), como a principal executora da política indigenista no Brasil, destaca a força e a resiliência dos povos indígenas na luta pela regularização das terras que tradicionalmente ocupam e pelos direitos garantidos a todos pela Constituição Federal, como saúde, educação e segurança.     A criação do Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, comemorado em 7 de fevereiro enfatiza a resistência indígena na busca por direitos e dá visibilidade para a importância da presença dos povos indígenas na construção de políticas públicas.      A valorização da identidade étnico-racial é uma forma de resistência. Reconhecer e se orgulhar de sua origem, de seus traços, de sua cultura e de sua história é uma forma de dizer: ‘nós existimos, resistimos e temos muito a contribuir.
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   EDUCAÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO: O PAPEL DA ESCOLA NO COMBATE AO RACISMO    A escola tem um papel muito importante na luta contra o racismo. Isso porque ela é um espaço onde crianças e adolescentes aprendem não só conteúdos, mas também valores, formas de pensar e de se relacionar com o mundo. Se a escola repete estereótipos ou ignora a história e a cultura de certos grupos, ela contribui para manter o racismo. Mas, se a escola propõe uma educação crítica e inclusiva, ela se torna um espaço de transformação.       De acordo com Kabengele Munanga, é fundamental que a educação ajude a romper com as ideias racistas que ainda existem na sociedade brasileira. Isso só é possível quando se reconhece que o racismo tem raízes profundas na nossa história, e que precisamos enfrentá-lo com coragem e conhecimento.       Por isso, leis como a 10.639/03 e a 11.645/08 são tão importantes. Elas exigem que todas as escolas trabalhem com a história e a cultura afro-brasileira, africana e indígena, o que ajuda a mostrar a diversidade do Brasil e a valorizar as contribuições desses povos. Isso não deve ser feito apenas em datas comemorativas, mas de forma contínua, em todas as áreas do conhecimento.       Essa proposta está alinhada à ideia de descolonização da educação, um processo que busca desfazer a visão eurocêntrica (centrada na Europa) que dominou o ensino por séculos. Como explica bell hooks, educar de forma descolonial é abrir espaço para outras vozes, outras narrativas e outras formas de ver o mundo.       A escola, nesse sentido, deve ser um lugar onde todos os estudantes se sintam representados e respeitados. Um espaço onde a diversidade seja valorizada e onde o conhecimento ajude a construir uma sociedade mais justa. 
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CONCLUSÃO:    Estudar a história afro-brasileira e indígena é muito mais do que aprender sobre o passado. É uma forma de entender o presente e construir um futuro mais justo. Quando reconhecemos o valor das culturas que foram silenciadas, estamos dizendo que todas as pessoas importam — e que todas têm o direito de serem vistas, ouvidas e respeitadas.       Durante muito tempo, a escola brasileira reproduziu uma visão de mundo limitada, que colocava a cultura europeia no centro e deixava de lado a contribuição de negros e indígenas. Hoje, com as mudanças na lei e o avanço de uma educação mais crítica, temos a chance de mudar isso.       Como mostram autores como Frantz Fanon, Kabengele Munanga e bell hooks, o combate ao racismo começa na consciência. E a escola tem um papel fundamental nessa construção. Ensinar de forma inclusiva e descolonizadora não é apenas um dever legal, é uma escolha ética que ajuda a formar cidadãos mais conscientes, solidários e preparados para transformar a sociedade. 
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