Context
AFIRMAÇÃO E RESISTÊNCIA: NEGRITUDE, CONSCIÊNCIA E IDENTIDADE
Apesar de todo o processo de opressão e invisibilização, os povos negros e indígenas sempre resistiram. Essa resistência pode ser vista nas lutas por liberdade, nas manifestações culturais, na preservação de religiões de matriz africana, nos quilombos e também nas ideias que surgiram ao longo do tempo para fortalecer o orgulho e a identidade dessas populações.
Uma dessas ideias foi o movimento da Negritude, que começou no século XX com intelectuais como Léopold Sédar Senghor, Aimé Césaire e Frantz Fanon. Eles defendiam que a cultura negra tinha valor por si só e que não precisava ser medida pelos padrões europeus. Para eles, a Negritude era uma forma de afirmar a beleza, a sabedoria e a força do povo negro. Como lembra Fanon, a luta contra o racismo não pode ser apenas uma reação de raiva, mas também uma construção de consciência e dignidade.
No Brasil, esse processo de afirmação se manifestou na criação do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra. Esse dia não é apenas uma comemoração, mas um momento de reflexão sobre o que significa ser negro em uma sociedade racista, e de valorização da identidade afro-brasileira.
A escritora Bell Hooks fala muito sobre isso quando afirma que a luta antirracista precisa passar também pelo campo das ideias, da educação e do afeto. Para ela, pensar sobre identidade e consciência racial é fundamental para que jovens negros e negras possam se reconhecer como sujeitos potentes, capazes de transformar o mundo.
Já da parte indígena, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), como a principal executora da política indigenista no Brasil, destaca a força e a resiliência dos povos indígenas na luta pela regularização das terras que tradicionalmente ocupam e pelos direitos garantidos a todos pela Constituição Federal, como saúde, educação e segurança.
A criação do Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, comemorado em 7 de fevereiro enfatiza a resistência indígena na busca por direitos e dá visibilidade para a importância da presença dos povos indígenas na construção de políticas públicas.
A valorização da identidade étnico-racial é uma forma de resistência. Reconhecer e se orgulhar de sua origem, de seus traços, de sua cultura e de sua história é uma forma de dizer: ‘nós existimos, resistimos e temos muito a contribuir.